Três personagens e um único desejo
Certo dia a seguinte frase me fez refletir sobre a incapacidade humana
de compreender o divino dom de amar. “A vida é um sono, em que o amor é
um sonho” proclamava uma voz. Certamente acrescentaria ‘onde o amor é um
sonho possível’. Num mundo mergulhado em descrença e ilusão, diria que o
sonho possível do amor só faz sentido quando relacionado ao amor
incondicional do Mestre de Nazaré. Sempre
que me recordo do seu amor/compaixão o traduzo com duas palavras:
liberdade e serviço.
Com a passagem do ‘jovem rico’, Jesus nos ensinar
sobretudo a regra da verdadeira felicidade: “Vai, vende tudo o que tens,
dá o dinheiro aos pobres ... depois, vem e segue-me”. Penso que, em
outras palavras, Ele nos diz: ‘somente quando fores realmente livre,
serás capaz de compreender o meu amor’. Podemos pensar que o serviço
prestado por aquele jovem, (dá o dinheiro aos pobres), traduziria o seu
verdadeiro desejo de seguir Jesus. Mas, ao contrário do que lhe foi
sugerido, abriu mão de toda a felicidade pelas suas posses: “ficou de
semblante anuviado e retirou-se pesaroso”.
Já para ‘a mulher
pecadora’ Ele não ordenou: ‘prostre-se e me adore’, mas tão somente:
“vai e não peques mais”. Bastaram aquelas poucas palavras para que ela o
seguisse por toda uma vida (até mesmo no momento da cruz), por
compreender que o mistério da dor também a libertara.
Não
compreendo a preferência de Jesus pelos piores homens da terra. A única
coisa de que tenho convicção é que ele está sempre disposto a amar
apaixonadamente aqueles que muito pouco têm a oferecer. Diante do meu
‘nada’ ele me dá o ‘tudo do seu amor’ que compreende e liberta.
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